sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A importância da água no Oriente Antigo



O Oriente Antigo situa-se numa região de clima árido e semiárido, isto é, em meio ao deserto. A escassez de chuvas nesta região tornava penosa a vida de seus habitantes que tendiam a viver na proximidade dos rios. Sendo a água de fundamental importância para  a manutenção da vida, sua falta implicava na sua maior valorização, o que levava a um cuidado com os rios a fim de se evitar sua poluição. Por meio dos rios se favorecia também os contatos comerciais já que eles são, na maioria das vezes, o único meio de transporte possível e quase sempre o mais viável. 
Às margens dos rios Nilo, no Egito, e Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, se concentravam a população destes grandes impérios da antiguidade. No Egito, o Nilo era a única fonte de água já que em toda a extensão do território egípcio tem-se um grande deserto. Na Mesopotâmia, o povoamento se deu exatamente entre os dois rios principais, daí a origem do termo que dá nome a essa antiga civilização, "região entre rios”. Devido às condições climáticas descritas a água era vista como elemento sagrado e mantinha uma íntima relação com aspectos da religião. No Egito existia uma oração destinada a agradecer todos os benefícios que o Rio Nilo proporcionava a população. A água desse rio também era comumente usada em rituais de purificação, a exemplo do ritual pelo qual se passava um homem que deixa de ser escravo, o mesmo ocorria na Mesopotâmia. 
A importância das águas estava refletida principalmente no comportamento dos rios ao longo do ano. No Egito havia três estações bem demarcadas e estas dependiam do regime do Rio Nilo: época da cheia, época da vazante (plantio) e época da colheita. Dessa forma, o comportamento dos rios determinava a maneira como as pessoas iriam viver bem como os ciclos de trabalho e de descanso de população, já que eles eram essenciais para a prática da agricultura, atividade base de toda a economia do Oriente Antigo. 
Para o perfeito funcionamento da lavoura agrícola era essencial que os rios mantivessem níveis adequados de água  nas épocas de cheias ou vazantes. No Egito um metro além deste nível causava uma grande inundação, e imensos prejuízos, e um metro abaixo  provocava a faltava de água para as atividades agrícolas e a insuficiência do processo de inundação. A inundação das margens era importante, já que, a água transporta vários sedimentos que se tornam responsáveis pela fertilidade das planícies alagadas e, se a inundação é insuficiente, acarretava a falta de alimento à população. Percebe-se que o processo de cheia e vazante do Nilo era mais regular do que o dos rios Tigre e o Eufrates.
   A importância dos rios também é destacada pelas grandes obras que eram construídas em função da água como, por exemplo, diques para conter as enchentes e canais de irrigação que permitiam o transporte de água para regiões mais distantes. Essas obras eram essenciais para a agricultura e para a organização da vida no Oriente Antigo. Parte da tecnologia usada nesta época ainda hoje é usada nestas regiões. Estas grandes construções eram feitas principalmente pelo Estado e mobilizavam um grande número de trabalhadores, mas existiram mesmo antes do aparecimento deste aparelho burocrático. 
Os rios eram o principal meio de transporte e era o mais viável para o comércio já que o transporte por terra era extremamente caro e ineficiente. A utilização dos rios para o comércio era mais importante na Mesopotâmia que era a região que tinha as condições mais favoráveis para o desenvolvimento comercial. Por isso, o Tigre e o Eufrates eram mais usados para este fim do que o rio Nilo. 
A importância da água era tão grande na Antiguidade Oriental que esta fazia parte de todas as ações humanas e abarcava todas as preocupações dos habitantes dessa região. A água era a base das atividades comerciais (agricultura, comércio), mobilizava grandes ações coletivas relacionadas às obras de caráter hidráulico (canais de irrigação e diques) e estava presente nas manifestações culturais e religiosas do Oriente Antigo. A água era à base e o centro da vida destas pessoas, e a conscientização a respeito de tudo isso proporcionava atitudes de respeito e cuidados muito maiores do que os que são demonstrados pelas sociedades atuais frente às suas fontes de água.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mito de Ísis e Osíris


O Mito de Ísis e Osíris foi uma das principais crenças religiosas egípcias e fazia parte dos ritos funerários egípcios. Nenhuma cópia completa do mito egípcio de Ísis e Osíris existe, mas a melhor versão antiga vem de Plutarco, um sacerdote grego de Delfos, que escreveu “De Iside Et Osiride” a mais ou menos 100 d.C. Os dois principais deuses, Ísis e Osíris, foram irmãos e marido e mulher. Osíris trouxe a civilização para o Egito através da introdução da agricultura e da criação de gado para os primeiros habitantes do Nilo. Ísis ensinou o povo a arte da tecelagem. Osíris queria também levar a agricultura e a pecuária para povos vizinhos e encarregou Ísis de vigiar o povo do Egito.

Quando Osíris retornou ao Egito depois de levar a agricultura a outros povos, Seth o recebe muito bem, já pensando em deixar de ser a sombra de seu irmão Osíris. Enquanto conversa com seu irmão, Seth vai tirando as medidas de Osíris que vão servir para a armadilha que ele pretende fazer. Com as medidas em mãos, Seth então manda construir uma caixa bonita de madeira com as mesmas medidas de Osíris. Logo em seguida, Osíris é convidado para um banquete organizado por Seth como parte de seu plano em assassinar o deus. Chegado a hora, Seth pedi que lhe traguem a caixa feita especialmente para Osíris e anuncia que a pessoa que conseguir ficar dentro da caixa receberá ela como presente. Os capangas de Seth entram um a um na caixa a fim de enganar Osíris, até que chega a vez do próprio de experimentar a caixa. Osíris então deita-se nela e nesse instante os cúmplices de Seth, pulam sobre a tampa e trancam Osíris. A caixa é então jogada no rio Nilo.

Seth conseguiu o almejado e assumiu o trono que era de Osíris, não satisfeito ele ainda sai em perseguição aos amigos de Osíris. Para escapar de Seth; Thoth, Anúbis e os outros deuses transformam-se em animais. Ísis não consegue parar de chorar com o destino de Osíris, mas como os outros ela também precisava achar um local seguro para se proteger. Ísis carregava consigo o filho de Osíris; Hórus. Depois de fugir de Seth e de enfrentar todo os tipos de mal que ele mandou para capturá-la, Ísis continua sua caminhada para encontrar um lugar em que possa dar a luz ao seu filho Hórus. Depois de encontrado o lugar, Ísis vai atrás do corpo de Osíris, mas antes confia a guarda de Hórus para a deusa-cobra Wadjet. A tarefa de Ísis não parece ser nada fácil, já que ela não tinha pistas sobre o paradeiro do corpo de Osíris.

Ondas fortes jogaram a caixa com o corpo de Osíris às margens de Biblos na Fenícia (atual Líbano) e ela ficou encostada numa árvore que com o passar do tempo cobriu toda a caixa com galhos e folhas. O rei de Biblos chamado Malacander precisava de algumas árvores grandes para a construção de seu palácio e acabou cortando a árvore que estava a caixa com o corpo de Osíris para tal função. Enquanto procurava Osíris, Ísis teve uma visão que lhe mostrou onde estava a caixa com o corpo de seu marido. Ao saber que o corpo de Osíris estava em um pilar no palácio, Ísis trata rapidamente de fazer amizade com as servas da rainha. A rainha tinha tido um filho recém nascido e Ísis pediu para vê-lo e se tornou babá da criança. Em um dia quando Ísis realizava alguns rituais para transformar o pequeno em um ser imortal, a rainha vai até o quarto e vê a cena horrorizada, gritando alto, que faz o encanto de Ísis se quebrar.

O rei e a rainha ficaram espantados com a situação, mas puderam perceber que a pessoa que eles abrigaram em seu palácio era uma deusa. Com o intuito de agradar Ísis, o rei concedeu a ela um pedido. Ísis sem pensar duas vezes pediu ao rei que lhe desse o tronco de árvore esculpido agora em formato de um grande pilar. Com o pilar em mãos, Ísis volta ao Egito para realizar um funeral digno a Osíris e esconde a caixa com o corpo em meio a vegetação do Nilo. Mas antes passa no local em que tinha deixado Hórus para revê-lo. Ao voltar para as margens do Nilo, Ísis recebe a notícia de que os ajudantes de Seth teriam localizado a caixa com o corpo de Osíris e levado até Seth, que enfurecido cortou-o em quatorze pedaços e espalhou em diversos pontos do Delta.

Ísis não se conforma e chora muito por Osíris, entretanto ela não desiste e sai em busca dos pedaços do deus e encontra todos exceto um que foi devorado por peixes no Nilo. Com os pedaços reunidos, Ísis é ajudada por Néftis que começam a fazer vários rituais e pedidos para que Osíris volte a vida. Anúbis aparece para ajudar. Ele tem o poder de não deixar o corpo apodrecer e após juntar os pedaços de Osíris, ele o embalsama. Ísis e Néftis se transformam em uma grande ave e começam a bater suas asas em cima da múmia de Osíris e finalmente ele abre o olho. Osíris volta a vida e se torna o senhor do submundo (reino dos mortos).

Desse mito, podemos concluir de onde vem os sarcófagos que os egípcios usavam para seus enterros e principalmente a importância que davam para o corpo estar em perfeitas condições, já que o morto usaria o mesmo corpo para a vida pós morte. Por isso o processo de mumificação era considerado um ritual sagrado e que assegurava junto com outras etapas a certeza de uma outra vida.
Autor: Lucas Ferreira

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Primeiras Impressões Sobre o Brasil

O presente trabalho é resultado de uma proposta de redação apresentada aos alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Alizon Themóter Costa. Eles foram solicitados a escreverem um texto dissertativo explicando qual era visão que os europeus, na época das Grandes Navegações, tinham do Novo Mundo no que se refere ao território e as populações que ali viviam.


"A América é uma terra imensa, com lindas praias, vastas (vastíssimas) florestas, enorme biodiversidade e clima tropical. Existem diversas etnias, povos guerreiros, bravos, alguns hostis (muito hostis...). Todos vivem dos frutos que plantam ou que dá na terra e da caça e pesca. Há índios fortes, belos, valentes, índias maravilhosas de pele morena, cabelos negros como a noite que não tem luar. Sem dúvida alguma bem diferente da Europa, e como os europeus viam isso tudo?

Os europeus um tanto eurocêntricos, viam os nativos americanos como seres inferiores, incivilizados, exóticos (eram levados como curiosidade para a Europa), primitivos. Eis um trecho da carta que Caminha enviou a coroa portuguesa: 'Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos e suas setas'. Fica bem claro como eles viam os índios. 'Se agente os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque não tem nenhuma crença.' Para os europeus da época não ser cristão era não ter crença. 

'Até agora não podemos saber se há ouro ou prata (...). Contudo a terra em si é de muito bons ares, frescos e temperados (...). Em tal maneira é graciosa que querendo aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que têm!'. Este trecho nos revela a visão que os europeus tinham da terra: clima fresco e agradável, terra farta em água, carente em metais preciosos, até aquele momento. 

Podemos concluir que, para os primeiros europeus a reconhecerem o território, e para os posteriores também, o 'Novo Mundo' era realmente um lugar bem diferente e muito hostil. “Habitado por nativos ‘indecentes’, ‘primitivos’, ‘selvagens’ e tristemente ‘inocentes’”. 


Autor: Juliens F. Oliveira, turma 101, manhã, Escola Estadual Alizon Themóter Costa, 2013.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Zeus



Trabalho realizado pelas alunas Mariana Faustino e Kethelyn Lorrayne do sexto ano.
Escola Estadual Jalmir Lopes Dias, turma lilás, ano de 2012.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Inglaterra e as Treze Colônias Inglesas

A GANSA DA INDEPENDÊNCIA



Autor desconhecido. 1776. Coleção particular


Esta imagem é de autoria desconhecida, mas pelo ano de sua produção (1776) e pelo conteúdo expresso na mesma, podemos tranquilamente associá-la à crise vivenciada entre o Império Britânico e as suas treze colônias americanas. Além da autoria desconhecida, há ainda uma divergência quanto ao título dado para esta obra, uns a chamam de “O Ganso de Ouro”, outros de “A Gansa dos Ovos de Ouro”, particularmente prefiro o segundo título, já que a relação entre Gansa e Ovos é mais bem lógica.
Dessa forma, vamos a nossa análise:
Na parte direita da imagem vemos UM HOMEM COM UMA ESPADA EMPUNHADA, pronto para abater a gansa que está sobre a mesa. Pelos trajes do homem citado, percebemos que trata-se de um soldado (britânico). Ao redor da mesa e consequentemente da gansa, observa-se um grupo de homens, muito bem trajados, que assistem de forma “alheia” a tudo o que acontece.
Contextualizando a imagem com o evento histórico no qual a obra se refere, deduz-se que os HOMENS RETRATADOS SÃO BRITÂNICOS e pelas vestes que usam nos permite afirmar que são integrantes da nobreza, ou seja, são na verdade ministros do governo britânico. Outro aspecto que merece nossa atenção é que a postura de assistir pode ser relacionada a omissão, ao descaso, à passividade, ou ainda, à desvalorização daquilo que está se perdendo. Para bem entendermos a mensagem que o autor procura passar é necessário conceber a GANSA como às treze colônias inglesas da América e o CESTO REPLETO DE OVOS, carregado por um dos ministros britânicos, que aliás o faz com um sorriso estampado no rosto, representa as riquezas que as colônias concediam ao Império Britânico. A riqueza citada não está expressa apenas no cesto repleto de ovos, repare na gordura (fartura) dos dois ministros que se colocam ao lado esquerdo da obra.
Saindo da cena principal, outros dois elementos da cena chamam nossa atenção. O primeiro deles é o quadro com um LEÃO ADORMECIDO (na parte superior – centro), repare que UM FEIXE DE LUZ vindo do alto recai sobre o leão que não expressa nenhum tipo de incomodo. O leão é o símbolo da Grã-Bretanha e é exatamente isto que ele representa no quadro, já o feixe de luz são as ideias liberais (iluministas) que são ignoradas pelo governo britânico quando o assunto é as treze colônias. O segundo aspecto seria o CACHORRO URINANDO SOBRE O MAPA DA AMÉRICA, o que conota uma condição de total descaso e/ou desdém dos britânicos para os colonos americanos e sua causa.
Se juntarmos todos os elementos da cena apresentados e analisados até aqui, poderemos chegar a conclusão que o autor faz uma crítica profunda ao governo britânico e até procura despertar a fúria dos colonos em relação a este mesmo governo. A crítica citada exprime a "estupidez" do governo do rei George III (Jorge III) que agindo de forma antiliberal, aperta ainda mais a exploração das colônias através da cobrança de impostos, interferindo de forma pesada nos rumos da economia colonial. Na verdade, a crítica mais acentuada fica no ato de matar aquilo que é rentável, lucrativo, ou seja, a gansa (as 13 colônias americanas) o que logicamente seria um ato insano, mas vale ainda ressaltar que agir dessa forma não era anormal, já que a função básica de toda e qualquer colônia é de enriquecer a sua metrópole. Neste caso, em especial, o arrocho da exploração por parte do governo britânico em relação aos colonos americanos foi a gota d’água para por um fim na então relação pacífica entre as treze colônias inglesas da América e a Grã Bretanha resultando num sangrento processo de independência.